Opa, a gente não vai falar de bomba, isso apenas serve de exemplo. Na onomatopeia você consegue ler o texto (sempre é texto), mesmo que seja "grgrgrgr" grunindo.
Vamos à primeira da lista.
Vos apresento a revista ilustrada O Trapeiro, da corte do Rio de Janeiro - 1862. E esta é a primeira onomatopeia por estas bandas, man! Desconheço o artista (e que artista! deduzo que seja um único artista), mas a assinatura em um dos números é esta:
Segue esta de 1877 da revista Psit (arte do portuga genial Bordallo Pinheiro). Rio de Janeiro.
E esse "barulho" de fogos de artifíco são do Besouro de 1878, também Rio também portuga na arte.
Ainda tem uma última onomatopeia mas vamos fazer uma pausa pro baralho.
Esse baralho aí é de 1813 (George Cruikshank). Eu conheço esses dois negocinhos acima das cabeças dos jogadores como "balão" e creio que o da direita ganhou o jogo, rsrsrsrsr.
Aqui eu chamaria de "balão descascado" porque vem sem a cercadura. É de O Trapeiro 1862, Rio de Janeiro. O cara reclama que vão acabar
Ia começar o post (acim) com esta imagem que seria o início da discussão, reparem que o juiz adverte aos dois contedores que esperem a ordem de início da luta, mas me lembrei de Pulp Fiction e não comecei pelo começo. Esta arte como vocẽs devem ter notado também é de O Trapeiro (1862).
Aqui um diálogo em O Trapeiro (1862), o que está sendo engolido pelo peixe fala algo como "quem ....., ui" (muito comprometido pelo fato de não se usar o fundo do balão em cor diferente, com certeza no jornal original daria pra se ler).
Juro que pensei se tratar de uma emanata o que sai da boca do vendedor de pasteis, mas...
... quando a gente rotaciona o desenho nos dois eixos percebe-se duas coisas: 1- o garoto lamenta da arte dele ou o do próprio desenhista (O Trapeiro 1862) é o lamento metalinguístico; 2- o desenhista é melhor que o Da Vinci porque escreve espelhado e de ponta cabeça, rsrsrs.
Não, não é um gramofone. E não, não é um papagaio, é O Trapeiro em 1862 lá no Rio de Janeiro.
Essa conta também, Arnaldo? 1868 - A Vida Fluminense - Agostini.
Psit - 1877 - Rio - Bordallo, o portuga fera.
O gênio portuga que fazia o personagem comer 'balão'. O Besouro 1878 - Rio.
Bordallo de novo, no quadro de baixo há um 'pequeno polegar' aparece vez ou outra e fala algo. 1878 Besouro - Rio de Janeiro.
Algo me diz que esse índio tá falando: "Viva a morte do orçamento!". Revista "A Flecha" 1880 - São Luis do Maranhão.
Um russo, pra variar, francês nascido em Moscou, pra variar um pouco, Caran D'Ache, tira de 1886. (do Imageria - Rogério de Campos, foto)
E agora...
É com um prazer enorme que vos apresento (se alguém ainda não o conhecia) o garoto de roupa esquisita, conhecido como Figarino, em 23 de junho de 1895, Fortaleza no Ceará! Seria inspiração dos balões de São João? rrsrsrs.
Mesmo ano, mas assunto sério, demissão na Estrada de Ferro - Fortaleza - Revista Figarino.
Todos acima de O Figarino - Fortaleza 1895/1896. Reparem na torre da igreja sem o sino.
Agora reparem o sino batendo "dalão" "dalão" - pura onomatopeia em 1895, direto de Fortaleza - CE. E ainda com a presença de 'balões' de diálogo.
Olhem a sutileza com que Figarino trata a concorrência (O Lápis era uma outra publicação da época, lembra as guerras contra o Dr. Semana).
O Figarino era brabo!
Assim tal qual Figarino me dispeço do ano de 2016 com esta pérola do ano de 1895, lá da terra do papai, o Ceará!
O cara das xilogravuras é o Nicephoro Moreira (nome à direita), mais detalhes aqui. |
A revista mudava de vez em quando o logo, gostei mais desse. Só existem 59 edições na BN.
Mais de um ano antes do Outcault 'inventar' o balão os cearences já sabiam o que era isso. Sem contar os trapeiros, os bordallos (com psit, besouro), os flechas etc.
O que começa com baralho termina com baralho, olhem que o Figarino "cabueta" os jogadores pro Urbano que estava cochilando.
Espero que tenham gostado!
Pra ler todas as edições de O Figarino
A ideia de se criar este blog partiu do Quim.