Língua Portuguesa
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela…
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
Colaborou em "A Semana", onde encontramos esta caricatura (ladeada por uma crônica-biográfica presente do amigo Alberto de Oliveira) feita, provavelmente, pelo Belmiro em 1896:
in Biblioteca Nacional |
Bom, como o assunto aqui é quadrinhos - HQ - cabe mencionar que Olavo tradaptou a HQ "Max und Moritz" - publicado em 1865 na Alemanha, por coincidência o ano do nascimento de Bilac - com o título de "Juca e Chico", não me perguntem o ano da publicação tradaptada no Brasil...
E como mencionei essa faceta do poeta, ao vasculhar o Arquivo Público do Estado de São Paulo encontrei um exemplar da revista "A Lua" (SP) de 1910,
E então me deparo com esta HQ (tira-foto-montagem) que parece ser francesa (pelo menos as lengendas estão escritas no idioma de lá: "Le premier jour du mois / Le quinze du mois / La fin du moise"; há uma marca "AK" que bem pode ser a chancela do estúdio fotográfico):
Olhando bem até que o cabra das fotos lembra muito o poeta, não custa nada supor que ele mesmo tenha feito as fotografias. Ou será que vendiam essas HQs ao estilo dos atuais álbuns de figurinhas e ele completando a sequência resolveu aplicar mais humor à história?
Eu tradaptaria assim: "No comecim do mês / No mêi do mês / Na véspera do ôto mês"
Mas o mestre gostava de rima, e pra quem não gosta de inclinar a imagem pra ler as legendas do Bilac:
I
No começo é o
paraíso…
II
No meio, conta-se o
cobre…
III
No fim, extingue-se
o riso:
Coitado de quem é
pobre!
Inté.
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